No date

Quantas mortes mais?

Mais uma vítima do descaso do poder público deu sua vida lutando por sustento para sua família. Dia 15 de fevereiro, Maria Amélia Ramos Cruz de 59 anos, uma catadora do lixão da Estrutural, no DF, foi atropelado por um caminhão, teve parte de seu corpo esmagado e morreu na hora.

Em protesto, catadores ligados ao MNCR bloquearam a entrada do lixão. De acordo com Ronei Alves da Silva, o representante do MNCR no DF, o lixão ficou fechado como forma de protestar pela morte da companheira. “Estamos todos chocados com o que aconteceu.”, afirmou.

Como resultado do protesto, os catadores conseguiram uma reunião com a SLU, autarquia responsável pelo lixo no DF, e denunciaram as condições em que o trabalho de coleta é realizado no DF. Os catadores carregavam fitas negras nos braços e em diversos momentos prestaram pêsames a tragédia buscando sempre apontar as causas da insegurança e as condições de trabalho dos catadores da Estrutural.

“Devemos pensar no fechamento do lixão por uma perspectiva de inclusão social dos catadores que trabalham ali. Nós temos propostas e queremos apresentá-las” declarou Ronei, e informa que são despejados no Lixão da Estrutural, sem nenhum tipo de triagem, mais de 2 mil toneladas de lixo todos os dias. “Queremos a coleta seletiva no DF. Hoje conseguimos retirar quatro mil toneladas de material reciclável, se o lixo chegasse separado, esse número seria 10 vezes maior”, completou.

No Distrito Federal não há um programa de coleta seletiva que inclua os catadores, tão pouco um aterro sanitário para a destinação comum do lixo. Há pouco minutos dos Palácios do Governo Federal e Local, o lixão da Cidade Estrutural é o destino de todo o resíduos produzido em Brasília e cidades satélites.

O Governo do DF acumula denuncias e processos de corrupção envolvendo ex-governadores e administradores. Um projeto de construção de um aterro sanitário foi paralisado pela justiça por irregularidades diversas. As organizações de catadores penam para realizar o trabalho de forma organizada, no entanto, não há apoio local.