MNCR propõe Programa de Reciclagem Popular ao Governo Federal

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Publicado 31/01/2014 20:35 Última modificação 03/02/2014 14:43

Representantes do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) apresentaram no dia 30/01, no Palácio do Planalto em Brasília, um novo modelo de gerenciamento de resíduos sólidos para o país. Na ocasião estiveram reunidos 21 Ministérios do Governo Federal e convidados que compõem o Comitê Interministerial de Inclusão Socioeconômica dos Catadores de Materiais Recicláveis e Reutilizáveis (CIISC). A Abertura do encontro, contou com a presença do Ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral Presidência da República.

O Ministro reforçou a todos os presentes o compromisso do Governo Federal com os catadores por meio do MNCR, lembrando a todos os Ministérios que este é o ultimo ano para realizar as ações de inclusão dos catadores e que "não existe mais o dia de amanhã", referindo-se a ser o ultimo ano de gestão do atual governo. "A dois ou três anos atrás, podíamos deixar as coisas para depois, pois tínhamos pela frente mais um ano ou dois de governo, Hoje, temos que fazer tudo como se fosse o ultimo dia", relata o Ministro.

Diogo Sant'ana, Secretario Adjunto da Secretaria Geral da Presidência, fez um balanço dos investimentos e apoio do Governo Junto aos catadores, fazendo uma apresentação de todos os avanços que tiveram os catadores neste ano.

O representante do MNCR, Alex Cardoso, fez uma apresentação de cerca de 40 minutos sobre analise da situação dos catadores no Brasil, onde destaca que no Brasil existem mais de 800 mil catadores de materiais recicláveis, sendo que 85 mil estão organizados no MNCR e que 70% são mulheres catadoras.

"Temos hoje organizados no Movimento Nacional dos Catadores 85 mil catadores de materiais recicláveis, sendo que mais de 70% são catadoras, são mulheres e alcançamos um total de 200 mil catadores, que participam em vários momentos no MNCR, em eventos como a EXPOCATADORES e outros encontros nacionais, assim como nas formações que desenvolvemos", declarou.

Destacou-se o entendimento de que o Brasil investe milhares de reais na gestão do lixo, mas que esta gestão é mal administrada. As empresas somente se preocupam em tirar o lixo de frente das casas, sem se preocupar com o meio ambiente, depositando tudo em lixões. Segundo Alex, este é um modelo ultrapassado, a Politica Nacional de Resíduos Sólidos aponta um novo modelo. "Há trinta anos atrás, retirávamos o lixo de nossas cozinhas, de nosso banheiro e queimávamos no quintal, hoje a realidade é outra" afirma Cardoso, referindo-se ao avanço que estamos dando em relação a gestão de resíduos e mostrou uma analise dos atuais modelos por meio de um quadro comparativo onde se observa três modelos estudados: privatista; integrada; estatista.

Em seguida, apontou que para ter-se a mudança na pratica precisamos de um novo modelo baseado em um novo conceito, a reciclagem popular.

O MNCR também fez uma breve  avaliação da realidade atual da reciclagem no Brasil, que existe graças ao serviço prestado de forma gratuita pelos catadores, que alimentam a cadeia produtiva, sendo que a maioria, cerca de 90% trabalham para ferros velhos e aparistas, e que a concentração econômica que decide os preços dos recicláveis estão nas mãos das poucas industrias que estão concentradas na região sul e sudeste do Pais. Estas empresas reciclam somete os materiais que mais tem lucratividade em seu mercado, deixando de lado a questão social que é a base da reciclagem, os catadores. Segundo Alex, grande parte destes catadores trabalham de forma sub-explorada e em vários casos, são submetidos a servidão por divida, trabalho infantil entre muitas outras violações de Direitos Humanos.

"A cadeia da Reciclagem é suja, porque se sustenta da exploração e de violações de direitos humanos dos catadores de materiais recicláveis" destaca Cardoso.

A proposta apresentada é mudar esta logica e expandir a coleta seletiva solidária e ampliando a capacidade do processamento dos materiais recicláveis na cadeia pelos próprios catadores e trabalhadores, superando o interesse do mercado em somente produzir desenfreadamente sem pensar na outra ponta, a reciclagem e o reaproveitamento dos resíduos. "Na pratica, o que queremos é que quando 10 mil garrafas PET forem produzidas, 10 mil garrafas PET sejam recicladas, de forma a valorizar os principais sujeitos agora transformados em agentes, que são os catadores", completa Alex.