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Em seminário na Câmara, catadores de São Paulo repudiam incineração



Catadores da cidade de São Paulo ligados ao MNCR lotaram o auditório da Câmara Municipal, na ultima segunda-feira, dia 07, durante o seminário “Reciclagem Energética” organizado pelo vereador Francisco Chagas (PT) para promover a prática da incineração de resíduos urbanos em municípios da região metropolitana. Com faixa e cartazes os catadores repudiaram o plano de implantação de incineradores na cidade de São Paulo e na região metropolitana.

Durante o evento os catadores não puderam se pronunciar nos microfones, as perguntas eram feitas por escrito e a maior parte não foi lida. Nas mesas de exposição estavam presentes apenas pessoas favoráveis a incineração dos resíduos. A impossibilidade de debate irritou os participantes que, mesmo sem microfone, protestaram e fizeram declarações em diversos momentos em meio a platéia.

“Estamos recebendo um prato feito”

A preocupação dos catadores é que com a adoção dos incineradores os catadores serão mais uma vez excluídos do trabalho uma vez que todo o resíduo pode ser queimado sem qualquer tratamento. “Trabalhamos a mais de 10 anos na cidade de São Paulo a dura penas

 

sem convenio com a Prefeitura.

 

Ouvimos aqui hoje que já está tudo pronto para implantar os incineradores, mas nós, a população não foi avisada. Queremos entender isso” declarou Luzia catadora da Coopercose.

A estratégia usada para implantação dos incineradores no Brasil é o argumento de que com o lixo será possível produzir energia elétrica. Porém, em diversos momentos durante o evento foi admitido que a produção de energia a partir do lixo é um processo extremamente caro, ao em torno que 13 mil reais por quilowatts.

 

Pesquisadores que defendiam o processo de incineração foram contraditórios com relação aos efeitos e impactos de uma usina de queima de resíduo. Representantes da empresa “Usina Verde” mencionaram a possibilidade de fabricação de tijolos com as cinzas restantes do processo de incineração, entanto a engenheira Maria Helena Orth, também defensora desse método de incineração, admitiu que as cinzas provenientes da queima do lixo são classificadas como de alto nível de periculosidade e tem de ser tratadas em aterros sanitários especiais.

Outra informação confirmada pelos engenheiros presentes é que para queimar os resíduos orgânicos, 60% do resíduo produzido no Brasil, é necessário haver no mínimo 15% de plásticos em meio ao lixo para que possa haver combustão e calor suficiente para produzir energia.

Participaram do evento o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, Secretario de Serviços Alexandre Morais

 

e funcionário da LIMPURB, concessionários responsável pelo lixo da cidade, assim como representantes

 

da CETESB, Secretaria Estadual de Saneamento, BNDES, além de pesquisadores e empresas de incineração. Foram convidados prefeitos da região e na programação constava a presença do Ministro de meio Ambiente, Carlos Minc, sem que o mesmo confirmasse a presença.

Presente no seminário, o catador Roberto Laureano, da coordenação do MNCR, falou da importância em chamar a atenção dos catadores para o que está acontecendo. “Quando eles dizem que só será queimado os recicláveis contaminados é preocupante, pois a produção de materiais que não podem ser reciclados em meio ao orgânico não é suficiente para gerar energia. Por isso, o MNCR se coloca completamente contra a incineração, pois prejudicará o trabalho dos catadores.”

Laureano falou ainda da importância de pautar uma agenda de mobilização dos catadores e de todos que estão nessa frente de luta contra a incineração no Estado: “Estamos provocando a Câmara Municipal, alguns vereadores, para organizar um debate em que o movimento irá apresentar diversas experiências que comprovam que a incineração será prejudicial e prejudicará a categoria, assim como pretendemos abordar experiências exitosas de tratamento dos resíduos por meio da coleta seletiva solidária com inclusão social dos catadores” completa.

Evento como o ocorrido em São Paulo estão sendo realizado em toda a região e modo simultâneo o que permite verificar o lobby de empresas multinacionais atuando no Brasil para a implementação da prática que queima dos resíduos como solução para o tratamento do lixo. Em todo o Brasil há estudos e projetos de incineração em andamento.

Leia o manifesto entregue aos vereadores