No date

Catadores vão a França entender a incineração. Afinal, que bicho é esse?



Representantes do Movimento Nacional dos Catadores estiveram recentemente na França com o objetivo de trocar experiências sobre sistemas de tratamento de resíduos sólidos, realizar parcerias de cooperação com outras entidades, mostrar a forma de organização dos catadores no Brasil e a experiência de lutas do MNCR. Um dos pontos de maior importância para os catadores foi conhecer a questão de destinação final de resíduos naquele país, ou a questão: reciclagem versus incineração.

Gilberto Warley, catador representante de Minas Gerais, relata que a incineração de resíduos é um risco para os catadores no Brasil. “Vimos um perigo que já chegou no Brasil, a incineração de resíduos sólidos urbanos. Vimos que o lixo, material reciclável, moveis tudo é jogado fora na França, e em sua grande maioria tem como destino a queima para geração de energia”, relata. Na Europa a preocupação com a geração de energia é grande, pois não há fontes de geração como pelas hidroelétricas no Brasil.

Warley relata que a situação na França é muito mais grave do que podíamos imaginar. “As empresas não são contra a reciclagem, querem sim é controlar tudo, deste o recolhimento, a classificação e a destinação e venda dos recicláveis, ou seja, querem tirar os catadores do domínio da coleta. Existe um grande monopólio de conglomerados de empresas dos mesmos acionistas com o objetivo de controlar todo o setor de resíduos sólidos, pois assim a reciclagem, por exemplo, nunca irá atingir um valor expressivo e se sobrepondo a incineração", declara.

As leis do país foram alteradas por meio de  lobby junto a políticos locais, a exemplo da legislação ambiental fala que na França diz que a reciclagem gera mais passivos ambientais que a incineração. “A incineração é considerada ecologicamente mais correta e viável, ou seja, nós catadores estamos em perigo de extinção de nossas atividades. Outra coisa muito comum tanto lá como aqui diz respeito a questão da exclusão social. Lá existe um sistema de exploração de imigrantes e pessoas egressos do sistema penal que trabalham  nas empresas de incineração ganhando salário mínimo e com contrato de seis meses podendo ser renovado por no máximo dois anos, depois disso: rua ou deportação, no caso dos estrangeiros. Não podem criar sindicatos e nem reclamar das condições de trabalho que não são muito boas, mesmo lá na França, as pessoas trabalham numa poeira danada sem mascara por exemplo, ou seja, as vezes pior que aqui” declarou Warley.

Galeria de Fotos:

MNCR em intercambio na França (15)

Warley acredita que o exemplo da situação da França é um péssimo sinal. Destaca que o lobby para se mudar ou adequar a legislação ambiental, domínio da indústria de reciclagem no país, monopólio no gerenciamento de resíduos das cidades e a incineração são risco a atividade do catador.

"Com monopólio dos preços, essas empresas podem comprar ou fazer parceria diretamente com os grandes aparistas que não vão pensar duas vezes antes se aliarem.

Então, é isto que vi lá na França, nos catadores e outros setores da sociedade temos que nos mobilizar contra isto” conclui.



Segundo Warley, ema pesquisadora ligada a Rede Cata Unidos ficará ainda mais um mês na França realizando um estudo aprofundado sobre os incineradores franceses. Com a pesquisa o MNCR

 

pretende se aprofundar na discussão de implantação de incineradores no Brasil e reforçar a luta contra essa prática.

 

 

Vejam estes links um bom material, tem site de empresas favoráveis e pessoas opositoras da incineração:

Incineracao-do-lixo-municipal-uma-solucao-pobre-para-o-seculo-XXI

www.usinaverde.com.br

www.bvsde.paho.org

www.incineracao.online.pt

www.adital.org.br