Trabalho de inclusão de catadores no Mercadão corre risco de acabar

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Publicado 08/07/2014 16:10 Última modificação 08/07/2014 16:20

Há cerca de dois anos o Mercado Municipal de São Paulo destina corretamente seus resíduos recicláveis com a ajuda de catadores de materiais recicláveis atendidos pela Associação Clube de Mães do Brasil que desenvolve projeto social de inclusão social e produtiva de pessoas em situação de rua e dependentes químicos por meio de uma oficina profissionalizante. O projeto tem tirado essas pessoas da situação de risco que estavam expostos anteriormente, mas corre o risco de acabar de um dia para o outro.

Sem muita explicação e diálogo a Associação recebeu a notificação de que devem se retirar do espaço que dentro do Mercadão onde realizam a coleta seletiva para dar lugar a outra organização que fará, a partir de então, a destinação dos resíduos. “A partir do próximo 1

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de agosto todo a coleta de lixo reciclável, do mercado Paulistano, bem como seu armazenamento e a sua destinação ficarão sob a responsabilidade da Associação da Renovação do Mercado Central Paulistano – Renome”, diz o ofício assinado por Marcelo Mazeta Lucas, Supervisor Geral de Abastecimento da Prefeitura de São Paulo, órgão ligado a Secretaria Municipal de Trabalho e Emprego.

“Estamos realizando um trabalho de inclusão social que beneficia também o meio ambiente na cidade de São Paulo, é um trabalho correto que esta resgatando vidas e não pode acabar assim”, declarou Eduardo Ferreira de Paula, do Comitê de Catadores da Cidade de São Paulo e diretor da Rede Cata Sampa que desenvolve parceria com a Associação Clube de Mães do Brasil com suporte logístico para os catadores do Mercadão. Para Eduardo a mudança coloca em risco todo um trabalho de anos e pode levar as pessoas de novo a situação de risco social e a dependência.

A Presidente da Associação Clube de Mães do Brasil, Claudineia Viana, denuncia que após receber o ofício para deixarem o espaço os catadores catadores tem sofrido assédio moral por parte de funcionário da RENOME, entidade de administra os permissionários do Mercado. “Os catadores estão revoltado, pois chega gente tirando fotos e não dão nem bom dia, eles estão sendo tratados como lixo, estão fazendo uma pressão psicológica”, declarou Claudineia.

Depois de diversas tentativas de diálogo em que o Supervisor Marcelo Mazeta se negou a atendê-los, recentemente uma reunião foi agendada para o próximo dia 14, mas quem irá recebê-los é a assessoria de comunicação de Mazeta.

Marcelo Mazeta alega no ofício que o Mercado esta se adequando a Lei 12.305, no entanto, a lei estabelece juntamente a destinação dos resíduos sólidos com parceria prioritariamente com catadores de materiais recicláveis. Outra irregularidade é o fato de a RENOME não ser uma associação de catadores fato que a dispensaria de um processo licitatório, tão pouco trabalha com destinação de resíduos.