Catadores de Fortaleza protestam e fecham avenida na Capital

Cerca de 50 catadores de materiais recicláveis reivindicaram maior participação da categoria nas políticas de resíduos sólidos da Prefeitura. Como protesto, eles fecharam a avenida Eduardo Girão, no bairro de Fátima, em frente ao ecoponto instalado no local, na tarde desta sexta-feira, 30. Reunião com a Prefeitura, segunda-feira, 3, deve discutir demandas dos catadores.
Uma das principais queixas dos manifestantes é que a implantação de ecopontos reduz a oferta de materiais anteriormente coletado por eles. Conforme o tesoureiro da associação Brisamar, Fernando da Silva, há falta de materiais. Para ele, se parte do recolhido pelos equipamentos da Prefeitura fosse destinado às associações seria suficiente. “A gente rasga os sacos de lixo e não recolhe nada.Tivemos perda de pelo menos 50% no lucro mensal”, estimou.
De acordo Alex Marques, assessor técnico da Cáritas e da Rede de Catadores, a política de resíduos passou por inversão da ordem. Para ele, antes de implantar os ecopontos e a política de bonificação, a primeira medida a ser tomada deveria ter sido requalificar as associações. “Tem ecoponto do lado das associações. O cidadão não vai para um lugar sujo e insalubre, vai para o limpo”, disse.

Conforme a secretaria da Conservação e Serviços Públicos (SCSP), Fortaleza tem 19 ecopontos instalados. Eles recebem principalmente pequenas proporções de entulho, restos de poda, móveis velhos. A pretensão é de que até o final do ano tenham 25 em funcionamento. O projeto é parte do Programa Recicla Fortaleza, que oferece desconto na conta de energia e crédito no Bilhete Único pela troca do resíduos. O ecoponto do Bairro de Fátima, onde ocorreu a manifestação, foi o primeiro instalado na Capital, em novembro deste ano.


Prefeitura


O coordenador especial de limpeza urbana da SCSP, Albert Gradvohl, esclareceu que a Prefeitura já desenvolve projeto para inclusão dos catadores no sistema de reciclagem dos resíduos. Segundo ele, uma das propostas de parceria inclui a construção de galpões e o aparelhamento dos centros de reciclagem.
De acordo com o titular da SCSP, Luiz Alberto Sabóia, a iniciativa está aberta a qualquer instituição de reciclagem. “Estamos propondo que qualquer associação que quiser ter a balança, o software e funcionar como ponto de coleta que o faça. A gente vai entrar com suporte e infraestrutura”, afirmou.