Prefeita de Santa Cruz se recusa a receber catadoras e catadores

Caminhada pelo avanço da Coleta Seletiva Solidária e reforma da Usina de resíduos com gestão da Coomcat chamou atenção da população

As ruas de Santa Cruz do Sul-RS foram tomadas por bandeiras verdes na manhã desta terça-feira (22/03). A caminhada realizada pelos catadores e catadoras da Cooperativa Coomcat e seus apoiadores alertou a população para possíveis mudanças na gestão dos resíduos pretendidas pela Prefeitura Municipal.

“Queremos que nossa cidade continue sendo uma referência no reconhecimento e valorização do nosso trabalho, por isso defendemos o avanço da Coleta Seletiva Solidária para toda cidade e a reforma da usina de resíduos com gestão da cooperativa”, afirma a catadora Vera Lúcia Flores da Rosa, uma das coordenadoras da Coomcat.

Durante a caminhada por onde passavam, as catadoras e catadores, recebiam manifestações de apoio. O serviço prestado pela cooperativa não foi afetado pela manifestação.

Ato em frente a Prefeitura

Em seguida, foi realizado um ato em frente a Prefeitura Municipal, expondo os motivos da caminhada e solicitando uma agenda com a Prefeita Helena Hermany (PP). Segundo assessora de seu gabinete ela não estava na cidade. No início da tarde a prefeita chegou no Palacinho (sede do executivo municipal) e se dirigiu aos catadores e catadoras, dizendo que estava preparando uma apresentação das suas propostas para reunião. Quando foi cobrada para que recebesse a comissão da cooperativa do movimento, e foi confrontada pelos presentes de que não estão de acordo com a privatização do serviço, ela virou as costas e foi embora. Este episódio durou cerca de três minutos. O tempo suficiente para que ela fotografasse o ocorrido e colocado nas mídias da prefeitura que recebeu as catadoras e catadores. O que de fato não ocorreu, pois durante a tarde toda a manifestação permaneceu na frente do palacinho aguardando o retorno sobre a reunião.

“Veja se isso é postura de uma administradora pública? Colocamos que ela poderia nos atender depois de suas agendas, informamos com antecedência nossa caminhada, e o que ela fez? Nos manipulou, chegou para tirar uma foto e mentir nas redes sociais. Além disso nos deixou sem resposta e ainda nem teve a dignidade de sair pela porta da frente da Prefeitura”, comenta Janete Oliveira, catadora da Coomcat.

Ida até casa da Prefeita Helena Hermany

Após o expediente de trabalho ser encerrado na prefeitura, e a recusa da prefeita, uma comissão das catadoras e catadores se dirigiu a casa da prefeita Helena Hermany. “Resolvemos ir até lá, porque em época de eleição ela vai até nossas casas também para pedir voto. E agora estamos fazendo o mesmo”, relata Angela Nunes integrante da cooperativa Coomcat.

Foram realizadas falas em frente a casa da prefeita, e em seguida dispersou-se o ato.

Impasse demonstra a dificuldade em negociar e expor os reais interesses da possível privatização

Desde o último episódio, onde estava agendada uma reunião entre as partes, e a prefeitura agiu com truculência através de ações de seu chefe de segurança, Valmir José dos Reis, que inclusive cometeu crime de racismo contra uma catadora na ocasião. E se recusou a receber a assessoria técnica da cooperativa só porque havia pessoas de outra cidade, a relação entre a cooperativa e prefeitura não andam bem.

A prefeitura diz estar aberta ao diálogo, porém não marca reunião e tenta impedir assessores da cooperativa de participar. Não existem informações públicas dos projetos de privatização do serviço, foi somente a cooperativa provocar este debate que a maioria da população ficou sabendo do que esta acontecendo.

“Estes fatos tem demonstrado a falta de capacidade técnica e política da atual administração municipal, pois não dialoga de verdade e nem tem consistência nas suas propostas, o que nos leva a acreditar que os reais interesses por trás dessa possível privatização são acordos de campanha. Porque não continuar com a Coomcat? Se economicamente, socialmente e ambientalmente é o melhor para o município”, destaca Fagner Jandrey, membro da Secretaria estadual do Movimento Nacional das Catadoras e Catadores de Materiais Recicláveis.

Coomcat e MNCR seguem o processo de mobilização e diálogo com a sociedade para que a Prefeitura reveja seus planos e escute as vontades da comunidade de Santa Cruz do Sul, a luz de alternativas de desenvolvimento sustentáveis e de justiça social para a cidade.