Catadores aumentam produção em Santa Cruz do Sul com equipamentos

Natany Borges /GAZ.com.br
Publicado 02/08/2016 15:15 Última modificação 02/08/2016 15:13

A produção da reciclagem de lixo da Cooperativa de Catadores e Recicladores de Santa Cruz do Sul (Coomcat) deu um salto nos últimos dois meses. O motivo é a aquisição de novos equipamentos, que auxiliam o trabalho diário dos catadores e ainda proporcionam incremento de 10% a 30% no número de materiais reciclados. O investimento de R$ 120 mil é resultado da conquista do prêmio Cidade Pró-Catador ainda em 2014, uma iniciativa da Secretaria-Geral da Presidência da República e da Fundação Banco do Brasil, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). Outro montante de R$ 40 mil foi obtido com a aprovação de projeto inscrito no edital Melhores Iniciativas de Coleta Seletiva Solidária, através da organização de catadores, lançado pela Secretaria Nacional de Economia Solidária em 2012.

Conforme o assistente de projetos da cooperativa, Uilian Mendes, apesar de terem recebido a premiação há bastante tempo, o valor foi liberado somente em junho. “O Cidade Pró-Catador teve como intenção contemplar organizações de catadores que fazem a prestação de serviços de Coleta Seletiva Solidária em todo o País. Para isso, contamos com a colaboração da secretaria do Meio Ambiente aqui do município”, explica. Já o edital buscou contemplar verba para que as cooperativas investissem em equipamentos e formação de seus colaboradores.

Para concorrer em ambas as iniciativas, a Coomcat enviou uma série de documentos que comprovassem o trabalho feito em Santa Cruz. No dossiê, foram inseridos a quantidade de  produção de material reciclado e o quanto cada cooperado recebe por mês. “Também recebemos a visita de técnicos para que eles mesmos pudessem comprovar a nossa experiência enquanto cooperativa”, complementa Mendes.

Entre os novos equipamentos que passaram a facilitar a rotina da usina de reciclagem estão fragmentador de papel, elevador para fardos, esteira de triagem, balança eletrônica, prensas hidráulicas, carrinhos para locomoção dos fardos no pavilhão, além de uma caminhonete com caçamba adaptada para auxiliar na coleta de grandes cargas. As máquinas estão na sede dos catadores, localizada na Rua Venâncio Aires, 1445, e também na Usina de Triagem de Lixo, no Bairro Dona Carlota.

Com 65 colaboradores, a Coomcat recicla

80 toneladas de resíduos, sendo 30 toneladas correspondente a prestação de serviço da coleta seletiva solidária e 50 toneladas correspondente a prestação de serviço na usina municipal de triagem de Santa Cruz do Sul/RS.

“Com essa estrutura, posso arriscar que conseguiríamos equipar mais um pavilhão e expandir a coleta para mais um bairro. Tudo ainda carece de estudo e planejamento”, salienta Mendes.

Tecnologia contribui ao trabalho diário dos catadores

A possibilidade de atuar com os novos equipamentos contribui para o trabalho diário dos catadores, conforme a coordenadora geral da Coomcat, Vera Lúcia Flores da Rosa, 47 anos. “Eu considero isso um avanço. Antes tudo era braçal e cansativo. Agora a rotina ficou mais ‘leve’ “, explica Vera, que trabalha na sede dos catadores.

Do outro lado da cidade, na usina, a aquisição também é comemorada. Na opinião de Ana Cláudia dos Santos, que recebeu das mãos da presidente Dilma Rousseff o troféu do Cidade Pró-Catador, o trabalho agora exige menos esforço físico. “Era comum eu voltar pra casa com dor na coluna e cansada, sem ânimo para fazer as tarefas de casa. Hoje, o elevador de fardo nos ajuda, assim como os carrinhos. Só temos a agradecer.” Um dos responsáveis pelo trabalho de prensa, Luis Carlos Nunes, ressalta a tecnologia. Nossos equipamentos estavam um tanto precários. Com essa tecnologia temos condições de produzir muito mais”, comenta satisfeito. Embora a nova maquinaria tenha incrementado a atividade dos catadores, o consenso geral é de que a luta a favor da reciclagem pode render muito mais. Agora que temos o básico para trabalhar com qualidade, sabemos que é possível caminhar muito mais”, diz Nunes.