Catadores do DF realizam encontro histórico com Governador

Catadores e catadoras de materiais recicláveis ligados ao MNCR* participaram no dia 31 de março, de audiência pública histórica com o Governador de de Brasília, Rodrigo Rollemberg, para discutir o processo de fechamento do lixão da Estrutural e demais lixões em atividade no Distrito Federal. Centenas de trabalhadores participaram do encontro, no Salão Branco do Palácio Buriti.

Vinte e seis representantes de cooperativas, bases organicas do MNCR, apresentaram reivindicações ao chefe do Executivo. Eles pediram, entre outras coisas, melhorias das condições de trabalho e na coleta seletiva, participação nas decisões de governo e definições sobre o trabalho deles após o início do funcionamento do Aterro Sanitário Oeste, entre Samambaia e Ceilândia. Na pauta de necessidades também estavam moradia e políticas para os filhos dos trabalhadores.

"Estamos aqui para ouvi-los e dizer o que estamos fazendo", disse Rollemberg. "Queremos tranquilizá-los para que tenham a segurança de que tudo o que vamos fazer ao longo destes anos na gestão dos resíduos sólidos será ouvindo vocês", afirmou aos presentes, no início da reunião. 

Presidente da Coopere, a catadora Adriana Soares, de 37 anos, foi uma das representantes que falaram no encontro. "Quero pedir a vocês que olhem para nós quando autorizarem o fechamento [do aterro controlado do Jóquei]", disse. "É do lixo que a gente tira o nosso sustento." Segundo Adriana, a cooperativa da qual é presidente tem 820 catadores.

Centros de triagem


O Governador assegurou que a desativação não será abrupta e afirmando que o governo não fechará o aterro controlado do Jóquei no meio do ano. "Sabemos que não há a menor condição de fazer isso. A gente quer construir com vocês um processo de transição que seja bom para todo mundo." O governador reforçou que o SLU formaliza uma parceria com cooperativas para que elas façam a coleta seletiva em algumas regiões.

Outro ponto destacado pelo Governador aos catadores foram os cinco centros de triagem que serão construídos: três com recursos financeiros do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, em terrenos de cooperativas; e dois com verba do governo de Brasília, como contrapartida pelo apoio do banco, em terrenos do SLU. Os centros servirão para receber o material da coleta seletiva e fazer o manejo. Além disso, também com dinheiro local, outros dois galpões de cooperativas passarão por reforma, o que permitirá ampliar a capacidade de trabalho.

Trabalho infantil


O chefe do Executivo finalizou o encontro pedindo aos catadores apoio no combate ao trabalho infantil no aterro controlado do Jóquei e em outros locais de coleta do Distrito Federal. "Queremos, a partir de agora, intensificar esse contato, para que a gente possa, mês a mês, identificar as dificuldades, os problemas e construir as alternativas e as soluções com vocês, para que Brasília possa ser um exemplo de cidade, de modelo, de desenvolvimento sustentável", detalhou Rollemberg.