Reciclagem e Artesanato: uma parceria possível

O artesanato feito de materiais recicláveis é uma das possibilidades de emprego e renda para catadores e artesãos. Essa foi a proposta que ocupou o “Espaço Metal” no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), durante a Expocatadores 2016, com oficinas de artesanato. Sobras de garrafas PETs, latinhas e panos foram usados como matérias primas para confecção de bijuterias, bonecas, quadros, além de utensílios e mosaicos decorativos.

A artesã Aline Veloso trabalha há 23 anos com reciclagem e educação ambiental e fundou, há um ano, juntamente com mais duas artesãs, a associação Feito Novo que desenvolve oficinas, formação na área de gestão e educação ambiental, mobilização social e produz objetos feitos a partir de resíduos, “a Feito Novo utiliza a reciclagem artística ou a arte como uma forma de sensibilização porque a gente encontrou essa maneira para educar as pessoas para começarem a ver que o lixo não é lixo, que é possível começar a separar e dar uma utilidade e um destino correto”, afirma.

Entre dezembro de 2015 e junho de 2016, ela ministrou um curso no CMRR pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) para os catadores, o primeiro neste sentido em Minas Gerais, com uma disciplina voltada para a reutilização dos resíduos “é uma forma de sensibilizar o próprio catador para a arte, levar outro olhar sobre o resíduo”, conclui.​

As oficinas tiveram um grande público de catadores e catadoras interessadas em levar técnicas de reutilização para suas cidades e cooperativas. A catadora paraense da Associação dos Recicladores de Águas Lindas (ARAL), Érica Tamires Ferreira, de 21 anos, acredita que “dá para colocar em prática dentro do nosso galpão e é um meio de ensinar, tanto pra nós mesmo catadores, como também para nossos filhos, nossos parentes, o artesanato a partir do material reciclável que é também recolhido por nós. Então isso daí é um avanço”, opinião também partilhada por outros catadores da delegação “fiz brincos, anéis, bonecas de pano”, conta Jorge Ribeiro, de 57 anos, da Cooperativa Filhos do Sol, que pela primeira vez fez artesanato dos resíduos.

A artesã Rosemary Marvão, que faz parte do Fórum de Economia Solidária por meio da Associação de Artistas Plásticos e Artesãos de Salinópolis (AAPAS), e foi no ônibus da delegação paraense para a Expocatadores, diz que “temos que unir os nossos trabalhos, de artesãos e catadores, porque temos muita coisa em comum para trabalhar. Todo nosso material de artesanato é catado para poder se transforma em suvenir”, e complementa que “tem artesãos novos que também catam material”. Ela visa fortalecer uma cooperativa de catadores que está sendo formada em Salinópolis com os aprendizados do evento.

​Originalmente em: http://www.cataamazon.net