Inclusão social na Fórmula Indy

A parceria entre o Movimento dos Catadores de Material Recicláveis (MNCR), a revista OCAS, a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), Senai e Parede Viva, mediados pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) promoveu a realização de algumas atividades com esses grupos, na   Fórmula Indy 2013, no Anhembi.

No dia 3 de maio de 2013, logo cedo foram desembarcadas cinco carroças dos catadores de material reciclável que iriam passar por uma transformação visual inspirada no projeto Pimp my Carroça do grafiteiro Mundano. O trabalho realizado com os catadores na Fórmula Indy foi importante porque eles são responsáveis por, aproximadamente, 90% da coleta seletiva realizada na cidade, lembrou Carlos Gancia, representante da Fórmula Indy no Brasil. “Se não houver um engajamento, vamos todos viver pior”, lembrou Gancia.

A SMDHC coordenou a articulação entre os vários atores. Segundo Luana Cruz Bottini, assessora especial da SMDHC, “a Fórmula Indy preocupada em fazer algumas ações ligadas aos direitos humanos, entrou em contato com a Secretaria,  chamamos o MNCR, a  OCAS e a Smads  e chegamos nessas ações. Com os catadores pensamos de customizar as carroças para chamar a atenção da população que o trabalho do catador é importante para a cidade”. Foram convidados alguns dos melhores grafiteiros da cidade para dar uma roupagem nova às carroças. Para Mauro Sérgio Neri da Silva, grafiteiro, “essa parceria é importante para dar visibilidade para esses profissionais que trabalham na rua. Ele lembra que é trabalho marginalizado muito semelhante ao dos grafiteiros. “Ambos estão pensando um jeito de existir na cidade, de participar e ser parte da cidade”, conclui Mauro.

Outro grafiteiro que participou da ação foi o Helder de Oliveira que defende a arte de rua como uma forma de trazer mais visibilidade para os carroceiros. “Este não é um trabalho fim, mas um meio para dar visibilidade aos direitos dos catadores, chamando a sociedade para refletir sobre a questão da tração humana (precariedade das condições de trabalho dos catadores) e dos conflitos com a prefeitura”, destaca Helder.

O trabalho foi acompanhado de perto pelos catadores que foram dando suas sugestões. Erivaldo Holanda da Silva, 29 anos, afirmou que com o trabalho de catação, ele construiu sua casa. Doacir Francisco da Silva, 48 anos, lembra que entrou para a catação quando ficou desempregado. Para ele, o evento pode fazer a diferença mudando a visão da prefeitura quanto aos carroceiros. “Não somos ladrões e nem vagabundos”. Luciana Alves da Silva, 37 anos, única mulher no grupo, lembra que os catadores e catadoras limpam a cidade e evitam que tenham mais enchentes. Já César Borges dos Santos (Biro Biro), 39 anos, há 19  trabalhando como carroceiro, não esconde sua alegria ao ver a transformação de sua carroça, mas lembra o preconceito que sofrem nas ruas. “Os dedos das mãos não são iguais, assim, não podem confundir as pessoas trabalhadoras e pais de família com ladrão.”

Para Eduardo Ferreira de Paula, representante do MNCR nesse evento, é importante que a Fórmula Indy reconheça e valorize o trabalho do catador.

Mecânica para inclusão Social

No grande galpão do Anhembi, onde foram montados os carros da Fórmula Indy, a sala dos pilotos foi ocupada pela primeira turma de pessoas em situação de rua do projeto Pronatec, lançado no mês de março pelo prefeito Fernando Haddad e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. O grupo de 14 pessoas selecionadas nos serviços mantidos O mundo das ruas nas ruas do mundo pela Smads fará o curso de “Mecânico de  Motor Ciclo Diesel”,  de 160 horas, ministrado pelo Senai.  Os alunos estavam atentos à palestra do mecânico da Fórmula  Indy. ”Ficamos surpresos com a quantidade de pessoas em situação de rua, pois é um lado de São Paulo que não conhecíamos”, declarou Willy Harro Herrmann, representantes da Fórmula Indy no Brasil. Para o professor Mário Aparecido José, coordenador do Pronatec, o Senai pode fazer a diferença na vida dessas pessoas. “Vejo que elas estão em uma situação de exclusão e este programa é muito mais que uma acolhida, é um choque de realidade que pode construir novas possibilidades”, declarou Aparecido.

Isais Lima Domingos da Silva, convivente do Centro de Acolhida Barra Funda I, afirmou que fazer o curso não é só oportunidade, mas também privilégio. Segundo ele, “depois deste curso quero continuar na área de engenharia mecânica”. Os vendedores da OCAS foram convidados a vender a revista durante o evento.