Parem de nos matar! Um grito por justiça para Ricardo Negão
O MNCR* prestou sua indignação ao assassinato do catador Ricardo Nascimento, Negão, como era conhecido, no dia 13 julho de 2017 em um protesto realizado no bairro de Pinheiro, local de sua morte, onde se reuniram conhecidos do carroceiro, além de pessoas sensibilizadas com os atos de extrema violência e irregularidades praticados pela Polícia Militar do Estado São Paulo. Ricardo levou três tiros injustificáveis, dois dos quais quando ele já estava caído no chão. A PM removeu seu corpo em um porta malas de viatura e capsulas das armas foram recolhidas do chão para dificultar o trabalho da perícia. Apagou imagens de celular que captaram as irregularidades e ameaçou dezenas de pessoas que presenciaram o fato.
Durante o protesto a carroça de Ricardo Negão foi pintada de branco e afixada na local onde ele morreu. Flores, fotografias e velas foram deixadas no local em sua homenagem. Carroceiros que conviviam com Ricardo estavam emocionados e carregaram cartazes pedindo justiça e valorização de seu trabalho. A rua também foi pintada, mudando completamente o cenário daquela rua do bairro nobre da capital paulista buscando não deixar apagar da memória das pessoas que ali havia acontecido uma barbárie como as muitas que vem acontecendo no resto da cidade. Era preciso um basta.
Após caminhar pelas rua do bairro, moradores, catadores e ativistas deitaram na rua em um momento de reflexão. Foi naquele chão frio que Ricardo caiu, todos e todas gritaram mais uma vez por justiça. O protesto terminou na rua onde Ricardo vendia seu material reciclável todos os dias. Ali seus amigos e conhecido deram as mão e fizeram um minuto de silêncio em sua memória. Ele foi sepultado no dia seguinte no cemitério Dom Bosco em Perus, local onde são enterrados moradores de rua da cidade e onde também então militantes assassinados na ditadura militar.
A Secretaria Estadual de Segurança, a quem a Polícia Militar é subordinada, lançou nota declarando que os policiais militares envolvidos no crime foram afastados das ruas, procedimento recorrente, o caso será investigado pelo Departamento de Homicídios Proteção a Pessoa (DHPP). O Ouvidor de Polícias no Estado de São Paulo, Julio Neves, fez duras criticas a atuação do policiais e solicitou a atuação do Ministério Publico no caso. No entanto, tem se repedido os casos de impunidades na PM que estimulam novos casos de agressão por parte da instituição.
O MNCR continuará lutando para que esse caso não passa em branco e para que todos os envolvidos sejam punidos. Para que não volte a acontecer, Para que a memória de Ricardo Negão não seja esquecida.