Pequena biografia de Érick Soares

Érick Soares da Silva, primogênito de uma família de quatro irmãs, (Esmeralda, Elbany, Érika e Elizabeth) nasceu no dia 22 de fevereiro de 1967 na Maternidade Municipal da cidade Pernambucana de Caruaru. filho de pais desconhecidos foi adotado logo após o seu nascimento por Heleno Soares da Silva e Maria Vênus Xavier da Silva.

 

Aos dois anos de idade, seus pais se mudaram para a cidade do Rio de Janeiro, onde viveu até os 10 anos de idade quando retornou para a cidade do Recife, indo morar no bairro de Santo Amaro.

 

Aos 12 (doze) anos de idade já lutava pela sobrevivência, ajudando sua mãe, vendendo doce (quebra-queixo) nas ruas da cidade já se caracterizando daí a sua tendência para o comercio informal. Por algumas vezes teve a sua mercadoria apreendida pelos fiscais da Prefeitura nascendo daí a necessidade de se engajar na luta em defesa dos direitos dos ambulantes (camelôs) de poderem trabalhar para manterem suas famílias.

 

O Érick era o que podemos chamar de um autodidata, pois, apesar de não ter concluído o 2° grau, era uma pessoa inteligente, atualizada e informada sobre as questões políticas e sociais do país engajando-se como militante em movimentos sociais como Sindicato dos Ambulantes de Recife, Movimento dos Sem Terra (MST), e do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), levando-o, algumas vezes, a entrar em confronto com a polícia militar e civil para fazer valer os direitos da classe vivente as margens da sociedade.

 

Conheceu o trabalho de Reciclagem de Lixo através da sua mãe em 2001, no Lar Beneficente São Lázaro quando a mesma foi participar do Congresso Nacional de Catadores de Material Reciclável em Brasília/DF, recebendo para isso, R$ 80,00 mais uma cesta básica (referência do Sr. Cardoso). Nesse Congresso foi eleito representante da região nordeste do país do MNCR por unanimidade.

 

Participou em 2003 do Fórum Social na cidade de Porto Alegre/RS e do encontro nacional de catadores de material reciclável na cidade de São Paulo/SP onde foi indicado para proferir o discurso ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em nome do Movimento Nacional.

 

Após retornar de um encontro nacional na cidade de Salvador/BA em 2004 o Érick apresentava aspecto abatido em relação a sua saúde, omitindo esse fato de sua família, fato este que se agravou no dia 12 de fevereiro de 2004 quando o mesmo foi levado emergencialmente à Policlínica do bairro do Ibura  em Recife, quando foi, naquela ocasião, transferido para o Hospital Agamenon Magalhães no centro de Recife, quando deu entrada com suspeita de Leucemia. Nesse mesmo dia quando sofreu um Acidente Vascular cerebral Hemorrágico (AVCH) quando entrou em coma profundo. No dia 13/02/2004, por volta das 13:30 hr. o mesmo foi removido da UTI para realizar uma tomografia computadorizada no instituto Imagem, quando foi constatado o quadro de morte cerebral, vindo o mesmo a falecer por volta das 06:15 hr do dia 14 de fevereiro de 2004. O seu corpo foi velado no velório municipal, com a presença de amigos e familiares, sendo sepultado às 18:00 hr no Cemitério de São José do Cabo de Santo Agostinho/PE. Os familiares, na ocasião da constatação do seu óbito, fizeram doação das córneas do Érick para que o mesmo, mesmo morto, continuasse a olhar pelos menos favorecidos aqui na terra.

 

Deixou como legado, a força, a obstinação, a coragem e a perseverança de que um "Guerreiro nunca morre" ele se perpetua. Deixou sua esposa Verônica, com quem teve dois filhos: Ericksson e Natane.

 

Erik Soares:

        Presente, presente, presente! 

                        Sempre, sempre, sempre!

  

Pelo Companheiro Erik Soares que deixou sua marca no meio de nós, provando que a vida é o espaço de nossos sonhos e que a luta dos Catadores que ele também protagonizou, é como o exemplo dos mártires de nossa história, é feito uma imagem que nunca se apaga.

Nós, assim como Érik, acreditamos numa vida nova e estamos empenhados na luta por um mundo saudável e liberto de toda sorte de opressão. Vamos diante de uma corrente de água cristalina e lançarmos ali, pétalas de flores como gesto de liberdade e fé no Brasil e numa América Latina digna de suas riquezas. E que este movimento de Catadores continue com força e coragem, fazendo vibrar os quatro cantos do nosso país.