Primeiro Congresso da Aliança Internacional dos Catadores

Por David Zamora, publicado originalmente no jornal O Trecheiro

Entre os dias 1 e 5 de maio aconteceu em Buenos Aires o primeiro Congresso da Aliança Internacional dos Catadores, uma frente internacional de organizações de trabalhadores e trabalhadoras que atuam na coleta, seleção e reciclagem de resíduos em cinco continentes ao redor do globo.

O congresso aconteceu no NH City Hotel localizado no centro de Buenos Aires e reuniu 88 delegados de 33 países de 5 regiões além de outros 56 observadores, além de convidados e um staff com dezenas de pessoas incluindo tradutores de todos os idiomas presentes. A organização foi feita por um Comitê de Trabalho criado no início do ano e a recepção foi feita pela FACCyr, a federação argentina de catadores.

Antes do início do Congresso, os participantes juntaram-se aos demais movimentos sociais e sindicatos argentinos na jornada do Dia Internacional dos Trabalhadores que ocorreu em torno do monumento ao Trabalhador, localizado no Paseo Cólon, com o ato se espraiando por toda a Avenida Independência.

À tarde aconteceu a abertura oficial do congresso e em seguida a apresentação dos candidatos aos três principais cargos de Direção da AIC: Presidente, Vice Presidente e Tesoureiro.

No Segundo dia o brasileiro Severino de Lima Jr do MNCR (União Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis) foi eleito como primeiro presidente da Aliança e junto com a vice presidente(da Índia) e tesoureira(da África) eleitas, vão compor o conselho executivo da AIC que terá ainda 19 representantes das 5 regiões e um secretário geral.

Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer uma importante unidade de processamento de resíduos controlado pela FACCyr na cidade de Avellaneda. Um antigo lixão, onde, além de receber, separar e reciclar toneladas de resíduos todos os dias gerando dezenas de postos de trabalho, ainda conta com um centro de atenção psicossocial para atender as pessoas.

Entre tudo que apareceu nos debates destaca-se a necessidade de que tanto as empresas quanto os governos se responsabilizem por esse trabalho, remunerando os catadores pelo serviço ambiental essencial que prestam, além de fornecer as condições de vida e de trabalho necessárias ao desenvolvimento de suas atividades.

A tragédia do Rio Grande do Sul, que se desenrolava alguns quilômetros dali, foi diversas vezes usada como exemplo da necessidade urgente de mudanças estruturais na nossa sociedade em nível mundial e do papel fundamental que o correto tratamento dos resíduos pode exercer nessas mudanças necessárias.