Seminário na Feicoop 2019 discute luta contra a incineração e desafios
O Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR, a União Nacional das Cooperativas e Associações de Catadores – UNICATADORES e a Associação do Voluntariado – Avesol realizam durante a Feira Internacional do Cooperativismo, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, um seminário para discutir os avanços e desafios da reciclagem e a luta contra a incineração. A 26ª Feicoop aconteceu de 11 a 14 de julho, e é a maior feira do cooperativismo e da economia solidária da América Latina. Ao menos, 300 mil visitantes circularam no evento evento.
Durante o primeiro dia do Seminário organizado pelos Catadores, foi discutido a conjuntura política do Brasil, com uma analise sobre os projetos e políticas adotadas pelo governo Bolsonaro e do ministro do Meio Ambiente. A avaliação foi que os primeiros meses de gestão mostram grande retrocesso em relação aos últimos governos – Dilma e Lula, onde antes de adotarem e anunciarem novas políticas para o setor, buscavam reunir com os representantes da categoria considerando as posições da sociedade civil, além de promotores do meio ambiente ligados ao Ministério Público, do Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP e as empresas, tanto as geradoras de resíduos, como distribuidoras e de limpeza, buscando consenso na política, atendendo a todos os setores.
Nos debates concluíram que este governo decide unilateralmente, contando, convocando e considerando apenas as opiniões e propostas do setor empresarial do setor de limpeza, claramente inimigos dos trabalhadores da reciclagem, pois ameaçam as empresas de lucram com os resíduos, principalmente a prestação de serviços as prefeituras, priorizados por lei.
“As políticas que este governo tem dispensado são unilaterais, consideram apenas a opinião e os planos dos empresários que sempre lucraram com os resíduos, não geram trabalho e nem se preocupam com a natureza. Para estes empresários, quanto mais lixo, melhor, porque exploram e lucram com isso”, desabafa Maria do Carmo, catadora e militante do MNCR pelo Estado do Espírito Santo.
A atividade teve além do debate, um momento de formação, onde buscou compreender o que são políticos de direita e de esquerda, principalmente suas posições e decisões, se entendendo que há uma grande polarização entre esquerda e direita, mas entretanto há, muitos partidos e políticos que se mantém no centro. “Pendendo a quem paga mais” complementa do Carmo.
Definiu-se pela defesa da reciclagem popular, bem como organizar e alertar a sociedade a convocando para a luta contra a incineração dos resíduos bem como pela coleta seletiva solidária, através de seminários, debates e formações, ocupando escolas, Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas, universidades e outros espaços de representação social e de conhecimento, bem como buscar articular matérias em meios de comunicação, como redes sociais, jornais, rádios e tevês.
“ A Avesol e outras entidades são a favor da reciclagem popular, feita pela valorização e reconhecimento das catadoras e catadores de materiais recicláveis, sem a necessidade da maldade da incineração, que já deveria ter sido erradicada” declara Douglas Filgueiras, educador popular, representante da Avesol.
O principal encaminhamento encontra-se na organização de uma frente nacional de defesa da coleta seletiva solidária e contra a incineração, a qual possa dar além da representação da luta, materiais e informações sobre os males causados pela incineração, na qual se entende que é uma forma violenta de destruição do planeta.”Vamos reciclar e não incinerar”, foi o grito final dos participantes.