CATADOR É TORTURADO POR POLICIAIS MILITARES EM GOIÂNIA

No dia 03 de dezembro de 2008, o catador Daniel Ferreira Barbosa, 20 anos, associado da ACOP – Associação de Catadores de Materiais Recicláveis, membro do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, estava reciclando o seu carrinho de papel em frente ao galpão da ACOP, Jardim América, quando foi abordado pela viatura n.o. 3562 da polícia militar por volta das 14 horas.

O tenente e seu subordinado, de nome Inocêncio, ao ver os cartuchos de impressoras no carrinho de Daniel acusou-o de haver roubado uma empresa. Daniel explicou que aqueles cartuchos foram doados por uma gráfica.

Os policiais colocaram Daniel na viatura e disse que o levaria até a gráfica para ele provar que havia sido doada. Entretanto Daniel, pressionado, não conseguia lembrar o local da gráfica e começou a ser torturado pelos policiais. Eles pararam em uma rua deserta, colocaram as algemas de forma bastante apertada. Começaram a enforcar Daniel de forma tão brutal que ele chegou quase a desmaiar. Davam coronhadas em suas virilhas, nos braços, no cotovelo. Os policiais ameaçavam levar Daniel para a beira do rio da T-9 e o mata. Ameaçavam também acusá-lo de tráfico implantado drogas em seus pertences.

Depois de muita tortura física e psicológica, os policiais voltaram para o galpão com Daniel, os companheiros do MNCR, percebendo que Daniel havia apanhado dos policiais, afirmaram aos policiais que Daniel era inocente, que estava na associação há mais de um ano e que era trabalho honesto e não ladrão. Na frente dos membros do Movimento, o policial puxou os cabelos de Daniel arrancando uma faca para cortá-los, os membros do Movimento protestaram e na tentativa de evitar a agressão Rafael Saddi Teixeira recebeu voz para ser detido.

Foram levados os dois para o 7.o. DP, no Setor Jardim América, lá foram humilhados e acusados por policiais do distrito e também pelo inspetor que estava de plantão naquele momento. Daniel implorava para afrouxarem as algemas, mas os policiais caçoavam dele e afirmavam que o braço dele ainda não estava roxo.

Os catadores do MNCR rapidamente foram até a empresa que havia doado o material para a associação e prontamente os donos e alguns funcionários da empresa se dirigiram até a delegacia. Lá, o dono da empresa admitiu ter doado o material para a cooperativa e explanou sua indignação com a ação da polícia que agiu sem legalidade nenhuma.

Provada a inocência de Daniel, os catadores abriram acusação contra os policiais que o torturaram. O Exame do IML – Instituto Médico Legal, conseguiu constatar algumas marcas de ação de tortura. O MNCR acusa estes policiais de tortura, calúnia e abuso de autoridade.

 

CONTRA A TORTURA, CONTRA O ABUSO DE AUTORIDADE CONTRA OS HUMILDES, PEDIMOS A TODOS QUE MANDEM SUAS NOTAS DE REPÚDIO À SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA, A OUVIDORIA E À CORREGEDORIA.

 

Ouvidoria: [email protected]

 

Corregedoria: [email protected]

 

Para emails para a Secretaria de Segurança Pública link: http://www.sspj.go.gov.br/faleconosco.php