Coopamare resiste a mais uma tentativa de despejo em São Paulo. E vai ficar!
A Cooperativa de Catadores Autônomos de Papel, Aparas e Materiais Reaproveitáveis (Coopamare), tem mais de 34 anos de trabalho no bairro de Pinheiros, zona oeste da cidade de São Paulo, e durante sua história passou por muito episódios de tentativa de limpeza social por parte da Prefeitura e de moradores dessa área nobre da cidade que concentra imoveis de alto poder aquisitivo.
No mês de junho de 2023 as catadoras e catadores receberam um “Auto de Infração” da Subprefeitura de Pinheiros indicando que eles estavam ocupando ilegalmente os baixos do Viaduto Paulo VI, onde passa a Avenida Sumaré, no entanto, o grupo recebeu a concessão de uso do espaço pela mesma Prefeitura de São Paulo há décadas.
Para afastar alegações de risco de incêndio no viaduto a organização buscou investimento em equipamentos no local que hoje conta com sistema de combate a incêndio, hidrantes , alarmes, além de treinamento de brigada civil anti-incêndio para lidar com situações de emergencia. Durante todo sua existência, nunca houve nenhum incidente ligado a segurança ou risco de fogo no local de trabalho.
No entanto, a presença de catadoras e catadores, cerca de 80% dos quais negros e negras, carrinhos de tração humana e o processamento de resíduos sólidos recicláveis no viaduto incomoda moradores e empresas que estão no entorno. Há cerca de 100 metros da Coopamare um novo empreendimento imobiliário gigantesco vem sendo erguido.
“Na minha visão tem muita especulação imobiliário nessa questão. Depois de começou a construir esse prédio do lado, começamos a entender porque querem nos tirar daqui novamente. Tem até vereador que é ligado a essas construtoras e vieram nos convencer a sair”, relata Eduardo Ferreira de Paula, membro-fundador da cooperativa e liderança do Movimento Nacional dos Catadores/as de Materiais Recicláveis (MNCR). O catador também tem ouvido que comentam na região sobre um projeto de feira gastronômica que querem fazer onde hoje funciona da cooperativa.
A resistência das catadoras e catadores da Coopamare é histórica e o ex-prefeito Paulo Maluf tentou, sem sucesso tira-los do local. Na época o grande lutador por direitos humanos Dom Paulo Evaristo Arns saiu em defesa da categoria e fez Maluf desistir da ideia. “A Coopamare é coisa minha”, teria dito o sacerdote a época. A cooperativa foi fundada com apoio de setores progressistas da igreja católica e tem desenvolvido um trabalho reconhecido internacionalmente de inclusão social de pessoas em situação de rua. Desde então muitos ativistas, movimentos sociais e até empresas têm apoiado a cooperativa a manter seu trabalho no bairro de Pinheiros.
Recentemente chegou a notícia que de o atual Prefeito desistiu de tira-los do viaduto e prometeu regularizar a situação jurídica de concessão do terreno. As negociações foram medidas principalmente pelo Deputado Estadual Eduardo Suplicy e pela Vereadora Luna Zarattini. A proposta da cooperativa é pela permanência da sede matriz da cooperativa em Pinheiros e continuidade de atendimento a catadores avulsos da região, assim como um novo terreno maior para ampliação da atividade e diminuição do volume de material armazenamento sob o viaduto.