Catadores conquistam ampliação de auxílio emergencial da cidade de SP
A pandemia do coronavírus paralisou a coleta e reciclagem na cidade de São Paulo. Milhares de catadoras e catadores de materiais recicláveis estão sem renda neste momento. A situação se agrava pelo impacto da pandemia no mercado como um todo, pois além da diminuição da atividade do comércio que gerava grande quantidade de resíduos recicláveis, a própria indústria da reciclagem está em crise e não tem comprado os materiais neste momento ou paga a preços muito baixos.
Diante deste quadro, algumas poucas vitórias são comemoradas pela categoria, mostrando a necessidade do movimento popular organizado.
No mês de abril, o
Comitê se uniu a mais de 30 organizações sociais, movimentos populares e sindicatos para exigir a ampliação do benefício aos catadores que tiveram seu trabalho paralisado. Após divulgação de carta e realização de uma audiência pública virtual, o Comitê de Catadores da Cidade de São Paulo conseguiu avançar mais um pouco no atendimento à demanda emergencial da categoria na cidade.A Prefeitura aceitou incluir entre os catadores atendidos, aqueles que não têm termos de parceria firmados com o poder público, e iniciou o pagamento do auxílio emergencial para mais 600 catadoras e catadores avulsos e de cooperativas não habilitadas. Essas pessoas se somam aos 2.400 catadores que já tinham acesso ao benefício oriundo da venda dos materiais de centrais de triagem mecanizada do Município, portanto, um Fundo que não usa verba dos cofres públicos e por direito deve ser usado pelos catadores da cidade.
Os novos beneficiários receberão duas parcelas de R$ 600, que já estão sendo sacadas por meio de cartão eletrônico. Resta agora ampliar o atendimento incluindo mais catadores que ainda não têm acesso a nenhum tipo de benefício. O Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis (MNCR) possui um banco de dados com cerca de outros 900 catadores que ainda estão sem acesso ao auxílio emergencial e têm vivido apenas com doações de cestas básicas.
Uma campanha de solidariedade organizada pelo MNCR, Ancat e Unicatadores vem distribuindo cartões de vale alimentação para as famílias que ainda não tiveram acesso aos benefícios emergenciais.
Uma preocupação do Comitê do MNCR é a organização para a retomada da atividade com segurança. Há uma grande mobilização para levantar fundos para investir nas adaptações necessárias. Já estão sendo distribuídas máscaras de proteção, e kits de equipamentos de proteção individual (EPI) serão disponibilizados para dezenas de organizações na cidade. Um protocolo de segurança desenvolvido por técnicos sanitários do Observatório da Reciclagem Inclusiva e Solidária (ORIS) está sendo adotado para esse período de retomada das atividades.
“Nós não queremos viver de doação de cestas básicas. Fizemos esta campanha por uma questão emergencial. Agora precisamos nos preparar para voltar ao trabalho com segurança e mostrar para a sociedade que nosso trabalho é essencial para o meio ambiente e para a indústria”, declarou Eduardo Ferreira de Paulo, catador e representante do MNCR.