Associação de Catadores na Paraíba recebe ordem de despejo em meio a pandemia

Em pleno avanço da pandemia de covid-19, a Associação de Catadores Catajampa recebeu oficial de justiça em sua sede informando um pedido de despejo de seu espaço de trabalho pelo proprietário do imóvel. A organização teve de atrasar o pagamento de aluguel do local por conta da pandemia e não recebe apoio do poder público local para realizar seu trabalho, contrariando a Lei 12.305/2010 e a Política Nacional de Saneamento, Lei 11.445/2007.

“Simplesmente, nossa sensação é de que a Lei 12.305/2010, que conquistamos com tanta luta e sofrimento, serviu apenas aos empresários. Isso é abominável”, declarou a catadora Egrinalda Santos, representante do MNCR na Paraíba e sócia-fundadora da Catajampa.

Fundada em 2008, a Associação desenvolve a organização dos Catadores em João Pessoa e reivindica há anos a cessão de uma área pública na cidade para desenvolver seu trabalho de recuperação de resíduos recicláveis e educação ambiental. No entanto, o grupo vem sofrendo perseguição política por seus posicionamentos de autonomia em favor da categoria. Parceiros têm dado as costas para a situação que se agravou com a pandemia.

“O descaso com as catadoras e catadores é coisa séria. Estamos prestes a ser ‘enforcados’ porque a justiça já nos procurou para requerer direitos dos empresários enquanto os nossos diretos seguem invisíveis. A Catajampa está prestes a ficar sem um teto para desenvolver o seu trabalho, pois o senhor oficial de justiça veio portando documento de reintegração de posse tirando de debaixo dos nossos pés o chão, estamos em pânico.”, disse Egrinalda.