Catadores e catadoras exigem direito ao trabalho em Porto Alegre

Na fria manhã desta segunda feira (01/06), catadores e catadoras de materiais recicláveis realizaram uma caminhada até a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. O intuito da ação foi chamar a atenção da população para a difícil situação que os catadores/as estão enfrentando na capital gaúcha, tanto os que trabalham nas Unidades de Triagem conveniadas com a Prefeitura quanto os catadores autônomos que trabalham nas ruas.

Os catadores/as autônomos vem sofrendo com as multas aplicadas pela prefeitura por realizarem o trabalho de coleta nas ruas e condomínios. As negociações com a prefeitura não avançaram desde a última mobilização, pois segue a perseguição e a falta de uma proposta por parte da prefeitura.

Já nas unidades de triagem, a realidade também é difícil, carente de investimento e politicas públicas. A quantidade de materiais que chegam nos galpões é pouca, e os convênios mantidos com os grupos são um valor muito baixo, que nem sequer contemplam os custos operacionais do trabalho, o que dirá valorizar e reconhecer financeiramente esse essencial trabalho para a sociedade.

Por parte dos catadores e catadoras, tanto os autônomos, quantos os que estão nas unidades de triagem a proposta é bem objetiva: Direito ao trabalho e Coleta Seletiva Solidária.

Este modelo de coleta onde os grupos de catadores/as são contratados para prestar o serviço (de acordo com a lei da Política Nacional dos Resíduos Sólidos-PNRS), e realizam este trabalho em parceria com a comunidade. Garante reconhecimento e valorização do trabalho, proteção ambiental e desenvolvimento econômico local.

A ação contou com a presença de lideranças de outras cidades onde a Coleta Solidária é uma realidade, como é o caso da COOVIR de Viamão, que presta esse serviço para o município desde 2014. 

Uma comissão dos catadores/as foi recebida na prefeitura pelo secretário de Governança Local e Coordenação Política, Cassio Trogildo e pelo diretor do Departamento de Limpeza Urbna-DMLU, Vicente Marques e Carlos Simões, chefe de Gabinete Secretário de Desenvolvimento Social.

O prefeito Sebastião Melo (MDB) não estava presente, e disse que irá chamar uma reunião com todos os envolvidos para encaminhar uma solução para esta questão. Segundo ele existe recursos que são gastos da população na coleta que podem ser discutidos.

“É inadmissível que uma cidade que produz duas mil toneladas de resíduos dia, gasta um milhão de reais para coletar e não consegue sequer colocar resíduos nos galpões. Vários grupos trabalham meio turno na maioria das vezes por não ter material” comenta o catador Alex Cardoso.

“Esta semana iremos encaminhar a documentação solicitada pela prefeitura, e iremos aguardar para que o Prefeito nos dê uma solução para que possamos continuar nosso trabalho com dignidade e respeito”, comenta o catador Venâncio Castro que esteve na reunião com os representantes da prefeitura.

“Termos todos o direito ao trabalho! Resíduo existe para abastecer a todos, precisa que a Prefeitura assuma e se comprometa com uma gestão dos resíduos que contemple de forma justa e digna os catadores e catadoras do município”, concluí a catadora Ana Paula Medeiros.