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Catadores recebem carrinhos elétricos em Belo Horizonte

Com informações de Fran Dornelas / LZ Comunicação

Nesta quarta-feira, dia 3 de setembro, catadores de materiais recicláveis presentes ao 7º Festival Lixo e Cidadania receberam protótipos de carrinhos elétricos fabricados pelo Itaipu Binacional. A cerimônia acontece no Centro Mineiro de Referência em Resíduos, em Belo Horizonte e contou com a presença do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Presidente da Itaipu Binacional, Jorge Samek. Ainda em fase de testes e validação serão entregues 5 carrinhos para Minas, que por decisão do MNCR serão três para BH, um para Contagem e um para Itaúna.

O MNCR entregou às autoridades presentes um Projeto de Lei que visa a criação de um Fundo de Aposentadoria independente da contribuição previdenciária para os catadores.  Este Projeto partiu de uma movimentação do Fórum Estadual Lixo e Cidadania que tem como finalidade propor estudos acerca da viabilização do reconhecimento da função pública do trabalho desenvolvido pelo catador, com a formatação de um fundo que possibilite a aposentadoria dos Catadores de Materiais Recicláveis, sem que tenha havido contribuição pretérita. O projeto agora será entregue às autoridades para ser apresentado ao Congresso Nacional o mais rápido possível.

Esta possibilidade, de aposentadoria, é reconhecidamente um direito fundamental, listado nas garantias e direitos individuais de nossa Constituição Federal. O Direito a se aposentar é universal e, portanto, deve ser garantido a todos os grupos de trabalhadores deste país.

Na ocasião, aconteceu também a assinatura do um Convenio de Cooperação e Parceria entre a Itaipu Binacional e o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), em que as duas entidades estarão formalizando um amplo plano de trabalho visando o fortalecimento do MNCR.

 

Carrinho elétrico

O primeiro carrinho elétrico rodou em São Paulo testado por vários catadores. Os resultados animaram e em julho deste ano a Itaipu entregou mais 50 carrinhos, sendo que 30 ficaram em teste de validação pelos catadores de Foz do Iguaçu sob as vistas de técnicos da Itaipu e os outros 20 foram encaminhados para cooperativas de catadores de capitais como Recife, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre para que outros catadores também os testassem e validassem antes de sua colocação em mercado. Nestas capitais a validação ocorreu sob vistas de apoiadores do Movimento Nacional de Catadores locais.

Além dos testes de robustez dos materiais necessários para agüentar o batente diário nas ruas das cidades, já se começa a obter alguns resultados bastante significativos. Na média dos carrinhos testados viu-se que tendo sido equipados com pequenos motores elétricos de 1,0 HP os carrinhos têm condição de transportar mais de 300 quilos de carga. Sua autonomia é de 4 a 5 horas de trabalho, o que dá em média 25 quilometros/dia de movimento contínuo. As duas baterias automotivas (comuns) juntas completam 60 Amperes, com 24 Volts. A recarga completa das baterias de um carrinho consome 1000 Wats de energia elétrica, sendo que esta operação completa leva em torno de 5 horas.

Desta forma o custo mensal da energia elétrica, que é o combustível dos carrinhos levando 1 kW hora/dia em 25 dias de trabalho por mês consome 25 kW/mês de energia elétrica que ao preço médio de R$0,30 por kW/hora, custa aos catadores apenas R$ 7,50 por mês. Ou seja, por um valor irrisório protege-se a saúde dos catadores e eleva-se sua condição de trabalho.

Também tem-se observado em Foz do Iguaçu, que os carrinhos elétricos em teste produzem a renda média R$ 20 reais por viagem, ou carga, o que representa ao fim do mês um ingresso de R$ 500 por mês por catador. Com o carrinho elétrico muitos estão fazendo até duas cargas por dia o que pode dobrar esta renda. Na cidade de Foz, os carrinhos comuns rendem a metade disto, ou R$ 10,00 por carga, sendo praticamente impossível fazer duas cargas no dia.

O custo de cada carrinho é de R$ 4 mil e seu desempenho tem animado as instituições de fomento e desenvolvimento a vir a financiá-los diretamente para a cooperativas de catadores que serão responsáveis tanto pelas operações de coleta e manutenção, como pelo retorno dos financiamentos, que tal como se vê pelos resultados econômicos iniciais é uma operação financeira bastante segura e absolutamente viável.

Para garantir o controle do Movimento Nacional dos Catadores sobre toda a comercialização do carrinho elétrico, a Itaipu Binacional orientou também um arranjo de Economia Solidária entre o Movimento Nacional e a indústria que está montando os carrinhos, a Blest Engenharia de Curitiba. Por contrato, passa pelo Movimento toda a comercialização e assistência técnica dos carrinhos, pois cada um deles tem gravado em seu chassis um número de série, que identifica o carrinho e o seu condutor, sendo que no Parque Tecnológico de Itaipu   foi colocado a disposição do Movimento um servidor para hospedar um banco de dados cadastrais para registrar essas informações. Não foram poucas as vezes neste curto tempo que interessados por várias razões foram à empresa dispostos a pagar qualquer preço por grandes quantidades de carrinhos e ouviram sempre as mesmas respostas: “por contrato, esta comercialização está sob controle dos catadores, procure a Secretaria Nacional do Movimento”.

Com esta medida  pretende-se fortalecer o MNCR, que já é, segundo observadores, o movimento mais organizado e com maior distribuição espacial do Brasil, perdendo somente para o MST.

 

FICHA TÉCNICA - VEICULO ELETRICO CATADORES.


1 - DIMENSÕES

Largura = 0,95m

Comprimento = 2,10m

Altura: 2,10m


2 - CAPACIDADE DE CARGA:

300 quilos

 

3 - CARACTERÍSTICAS  CONSTRUTIVAS

3.1 - Caçamba escamoteável em Estrutura Metálica e Tela
3.2 - Chassis em Estrutura metálica reforçada e berço do motor reguável.
3.3 - Motor Elétrico de 1 (um) HP Corrente alternada
3.4 - Fonte de Energia: Duas baterias de 150 Amperes.
3.5 - Reguladora eletrônica de velocidade "plug and play" (desmontável). Acelerador manual em duas velocidades
3.6 - Transmissão por correntes dentadas em coroa e pinhão, autoblocante e roda livre
3.7 - Freio rápido em duas posições
3.8 - Rodado em pneus 
3.9 - Tomada de carga  Por carregador de baterias 

4 - DESEMPENHO OPERACIONAL


4.1. Para carregar: Ligar carregador em tomada comum de 110V durante 5 horas para carregar completamente as duas baterias
4.2. Cada carga de 5 horas (trabalho de um dia do catador) consome 1.000 Wats, ou 1 kW (um quilowat)
4.3. Dias de trabalho em média mensal: 25 dias
4.4. Consumo de energia elétrica mensal: 25 kW (vinte e cinco quilowats)

5 - CUSTOS



5.1. CUSTO OPERACIONAL


5.1. Custo médio do quilowat em area urbana: R$ 0,30 (trinta centavos)

5.2. Custo mensal de energia elétrica para trabalhar 25 dias por mês com o Veiculo Elétrico dos Catadores: R$ 7,50 (sete reais e cinquenta centavos por mês) 



5.2. CUSTO  POR UNIDADE


Um Veículo elétrico custa em média :

  R$ 4.000 (quatro mil reais)

6 - DISTRIBUIÇÃO DOS VEICULOS ELÉTRICOS


- Por acordo baseado em princípios de Economia Solidária,
6.1 - O Movimento Nacional dos Catadores será a única instituição que distribuirá os Carrinhos Elétricos no Brasil e o fará sempre através das Cooperativas de Catadores ligadas ao Movimento.
6.2 - Está sendo montado um Cadastro Geral Brasileiro de Veículos Elétricos, com base no número de série gravado no chassis do carrinho.
6.3 - O movimento também estruturará um sistema de montagem e assistência técnica aos veículos .