SEPÉ TIARAJU

No ano de 1700, início da colonização do Brasil, na região   Sul se construíram as Missões Jesuíticas. As Missões eram enormes construções feitas pelos padres jesuítas junto com os índios guaranis, que ali dentro viveram por mais de um século uma vida de comunidade, onde tudo era repartido e todos trabalhavam pelo bem da coletividade.

Mas Portugal e Espanha queriam este pedaço de terra para eles. Não aceitavam que a terra fosse dos índios, queriam o Brasil para eles. Assim, resolveram expulsar as Missões  para outro lugar, mais longe, e de difícil acesso, lá para as bandas do Uruguai.

Porém, os índios não aceitaram. Eram os verdadeiros donos desta terra.  Por quê iriam sair, com o rabo entre as pernas, de seu lugar de nascimento? Resolveram pegar em armas para resistir aos exércitos dos imperialistas estrangeiros. Ficaram durante muitos dias fabricando armas e pensando em estratégias de batalha. Aí que se destaca o valente índio Sepé Tiaraju.

Sepé Tiaraju liderou os combatentes indígenas para  resistir aos exércitos portugueses e espanhóis. Foi chamado a “negociar” com o chefe do exército, que tentou comprá-lo dando-lhe terras longe dali. Não aceitou, e com a cabeça sempre erguida, disse: “nossa terra já tem dono, e ninguém vai tirar ela de nós. ” Era uma declaração de guerra.

As missões resistiram mais de 3 anos à força das armas de fogo dos exércitos europeus. Sepé se revelou um grande estrategista, corajoso e inteligente. Bolou brilhantes emboscadas no meio do mato que deixavam os soldados perdidos e fáceis de render. Preparavam armadilhas inteligentes, como buracos disfarçados no chão e árvores com pontas que vinham do nada e matavam os soldados.

Porém, no dia 7 de fevereiro de 1756 Sepé morreu peleando no Arroio Caiboaté. Numa escaramuça, seu cavalo rodou e ele foi ferido pela lança de um soldado e antes que se levantasse foi morto com um tiro de pistola pelo governador de Montevidéu que chefiava a tropa.

Esta terra ainda hoje tem dono: pertence ao povo. Ainda mandaremos os invasores e os que estão a seu serviço para longe daqui. Sepé Tiaraju é um símbolo da resistência popular à invasão dos gringos e do instinto de liberdade de um povo. Muitas lendas, trovas e canções missioneiras e nativistas falam dele, que para muitos virou santo, São Sepé. Diz a lenda que na testa de Sepé tinha um lunar que brilhava, e no dia de sua morte o lunar subiu ao céu e virou uma estrela, que até hoje guia os lutadores do povo em seu caminho para se libertar da opressão.

 

COM LUTA E COM FÉ,

COM A LANÇA DE SEPÉ!!!