CARLOS MARIGHELLA

Carlos Marighella, assassinado há 30 anos, foi quem melhor encarnou a resistência libertária contra a ditadura militar que governou o Brasil durante 21 anos (1964-1985). Há quem prefira silenciá-lo para não sentir-se questionado pelo que ele significa de firmeza de convicções e, sobretudo, idealismo centrado no direito de todos os brasileiros à dignidade e à justiça. Acatamos a sugestão de Che: "Seja modesto, queira o impossível".

Marighella situa-se entre aqueles que, com seu sangue, escreveram as mais importantes páginas da história do Brasil: Zumbi, Sepé Tiaraju, Felipe dos Santos, Tiradentes, Cipriano Barata, Frei Caneca, Bento Gonçalves, Angelim, Antônio Conselheiro, o "monge" João Maria, Luiz Carlos Prestes, Francisco Julião e tantos outros. São nomes que ainda não saíram das sombras a que a elite insiste em retirar da nossa história. Em nossas escolas, e nos raros programas televisivos que se referem à história do Brasil, poucos conhecem  do significado de termos como Palmares, Cabanagem, Canudos, Contestado, Farrapos, Praieira, Confederação do Equador, Coluna Prestes.  

Filho de imigrantes italianos, Marighella encontrou no ideal socialista o esteio que lhe forjou o vigor combatente. Não se deixou cooptar por aqueles que, após a ditadura Vargas, buscaram um pacto político que não incluía os direitos econômicos das classes populares. Marighella não ambicionava o poder, mas o Brasil soberano, livre da submissão ao capital estrangeiro, e contra a opressão e exploração do povo.

Por fidelidade a suas origens operárias, rompeu com a burocracia do  PCB(Partido Comunista Brasileiro) para aderir a ação direta armada. Estava cansado de documentos e palavras, quando o momento exigia, como ainda hoje, mudanças radicais na estrutura de dominação social brasileira. Queria uma revolução. Escreveu o manual do guerrilheiro urbano, e junto com seus companheiros construíram  uma das mais fortes experiência de organização guerrilheira do povo brasileiro. Porém, desde os anos 30, a elite brasileira repete com insistência: "Façamos a revolução antes que o povo a faça". É o que se vê nesses supostos projetos contra a pobreza apadrinhados pelos governos,empresários e seus partidos, em véspera de eleições, por estes que são os responsáveis pela escandalosa desigualdade social reinante no Brasil. Deixou a mensagem de que uma nação ou uma pessoa que se envergonha de sua própria história corre o risco de perder raízes e identidade, igual colonizado que louva o colonizador e procura imitá-lo. A vida de Marighella foi um gesto de doação. Trinta anos depois de morto, pela repressão policial-militar ele prossegue desafiando a generosidade dos vivos, e apontando, para o nosso país, um caminho de futuro, onde todos tenham saúde, educação, trabalho e moradia e liberdade com igualdade. É o que basta.

 

CARLOS MARIGHELLA, VOCE MORREU PRIMEIRO,

MAS NÓS TAMOS NA LUTA PELO POVO BRASILEIRO !!!